terça-feira, julho 12

Num Paraíso que não sei se me pertence

Estou sedenta do teu corpo
Se respiro através dos teus poros
Se vejo através dos teus olhos
Que afinal são meus.
Estou saturada dos teus modos
Enfardada das mesmas palavras
Que cruzam os nossos céus.

Sou voraz para devorar a tua paixão
Que ofereces a mim em banquete
Julgando seres tu o rei...
E só eu sei, como me aproveito.

(A árvore do pecado
A sombra na qual me deito
Já à muito expulsou as palavras com sentido
Do nosso vocabulário)

Mas como lentamente e saboreio os figos
Fazendo eu figas... e sorrio
Para que não descubras.

Porque o nosso paraíso é mesmo assim.
Uma tarde de sol vagaroso
Descendo sobre a vivacidade da nossa emoção.
Sem ser os sentidos, tudo o resto perdeu sentido.

A rotina cobriu as serras
E vivemos em planaltos de paz
Em searas de melodiosa luz
Talvez um dia saberás.
Estou absorta em loucuras
De pouco me importam as doçuras
Com que tentas adorar-me.

Absolutamente cansada de ti.
Do teu sabor, da tua tonalidade.
E na fatalidade admito:
Tenho sede.

(Mas será de ti?
Então porque não cessa
Quando te devoro posseça?
Porque então ergue a chama
Quando me enterro na lama
E sonho com outro lugar?)

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