sexta-feira, fevereiro 10

E do outro lado, mudo, escutava?

mãe.... quem é o meu pai? Há tantos pais... qual é o meu? O teu é o que tu quiseres meu filho. Mas são todos iguais... têm todos o mesmo nome, como é que eu sei qual é o meu? O teu é o que for verdadeiramente teu pai. E como é que eu sei? Sabes, sentes. E se não sentir? Sentes. Mas não sinto. Sentes. E quando sentir, como é que falo com ele? Bem isso depende, depende de qual for o teu pai. Então? Então os meios de o alcançar são diferentes... mas primeiro tens de te entregar. A quem? depende. Pode ser ao teu pai, ao seu filho, a uma casa de pedra e mármore com uma bacia de água santa. Pode ser a um grupo, a uma posição... Mas tens de te entregar. E depois de me entregar, posso falar com ele? Sim, porque aí ele te amará e serás seu filho e irmão dos outros seus filhos. Mas.. não sou seu filho já? Sim... mas é diferente. Ainda não o amas. Amo-o sim, porque sei que ele existe! Só não sei quem é! E se falar para ele agora, achas que ele ouve? Ouve, mas não te atende, só se pedires para o encontrar. Mas isso já peço todos os dias! Talvez ele não goste de mim. Talvez eu tenha feito muito muito mal e ele não goste de mim. Não, ele gosta de toda a gente, porque todos são seus filhos. Mas antes de te entregares, arrependes-te de tudo o que já fizeste e tornas-te uma pessoa nova. Então eu sou uma pessoa má? Sim, aos seus olhos, mas ele ama-te na mesma. Talvez eu não seja seu filho. talvez seja orfão de pai. Claro que não, não digas parvoíces. Toda a gente tem pai. E um dia, vais estar com ele. Vou? quando? Quando a tua alma estiver perparada. Quando? quando morrer?

Pai... estás aí?
Pai... não sei se estás aí.
Pai... fui à Igreja e não te senti.
Fui ao teu livro e não te senti.
Chamei por ti e não te senti.
Entreguei-me e não te senti meu pai.
Não os senti meus irmãos.
Fiz tudo mal não fiz? Sou uma pessoa má?
Não gostas de mim?
Preciso saber se estás aí...
Talvez se morrer...
Talvez se morrer saiba.

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