Se tens de dizer, diz
Fiquei quieta enquanto pela bouca te escorriam as palavras que barrraste com a consideração. Ouvi-as como gotas de chuva num dia cinzento serpenteando pelos ladrilhos do chão. Já sabia, ou adivinhava no teu silêncio que a aste da tua consciência se afundou com a tua moralidade, e chorei como choram as palavras em poemas que proclamam as serenas horas de maldade. É real? O que importa se a realidade existe se o que persiste é uma verdade relativa? E se o tempo existe apenas na minha mente, porque é que a gente o sente secar-nos as veias e as linhas do rosto? Penas que guardo numa caixa de condão afrouxam o meu coração e elevam-no ingénuamente. Se não mentes, parece. Porque não deixas escapar as frases compostas que me decompoem em lágrimas do oceano? Porque deixas predominar o passado, refúgio do condenado do dia-a-dia? Se me vês com tanta agonia porque não travas os ponteiros do relógio e beijas os segundos em que vives? O mundo não é o oásis dos sonhos, é o deserto da honestidade. Por isso diz-me, se te consideras pessoa o que a mente te apregoa com severidade.
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