e no silêncio, a força
Até era alta, mas andava sempre de olhos baixos, ombros baixos e costas curvadas - com os cabelos a cairem-lhe infantilmente sobre os ombros cobertos. Então, parecia uma criança, escanzelada e branca como a neve. Nas suas mãos, onde se previam todos os ângulos dos ossos, as veias sobressaiam na pele pálida de mais. E até os pelos claros que, medrosos, ousavam brotar nos seus braços: até eles eram submissos e espaçados. Tudo nela era assim tímido e suave. Quando andava, os passageiros juravam a pés juntos que era o vento que a levava e os pequenos ténis verdes que de alguma forma, a iam prendendo. O cabelo, esse sim era a sua força. Eram encaracolados, e juntavam-se em caracóis pequeninos até formarem uma massa entrelaçada castanha, que pesada era indomável aos ganhchos e elásticos que a sua mãe lhe impunha. O casaco de malha azul quase que escondia o seu peito liso, o seu ventre frágil... mas as suas pernas eram demasiadamente esguias para as calças de canga justas de todos os dias. E assim continuava, como se o fosse o mundo e ela. Nela , como já disse, tudo parecia submissão. Os sorrisos eram curtos e dóceis... até que um dia ele ligou.
Só o tom da sua voz mudou ao atender o telemóvel. Os olhos pequenos abriram-se e reflectiram a luz. O corpo movia-se rapidamente: parecia que criava forma, volume, existência! Só as mãos brancas continuavam as mesmas. Os lábios eram mais vermelhos e a paixão reflectia-se nos seus olhos. Mesmo assim, tudo foi leve, e não liguei.
Assim, ela continuou na sua submissão murmurada aos pais, á irmã, ao chefe, as regras de etiqueta, à tradição, à religião... submissão a todas as figuras de autoridade que pudessem brilhar à sua frente. Era então a menina perfeita, a filha perfeita, a virgem perfeita, a trabalhadora perfeita. Sempre às ordens... sempre baixinho.
Um dia disseram-me. A princesa já não se refugiava em toda a gente. Apaixonou-se por um estrangeiro (amor que durante muito tempo escondeu atrás das rochas) e um dia descobriram-na. Como que acordade de algum lado levantou-se e ergueu a voz. É meu. Sou dele. E agora?
O pai nessa noite não dormiu. A mãe soluçava sozinha. A irmã repreendia abertamente... e ela sorria - e parecia-lhe que isso só bastava para enfrentar o mundo.
1 comentário:
ola!!!sabes, inda nao te tinha dito mas gosto mt do k escreves.loool. serio, sao textos, frases em k mts vezes me revejo.conseguimos sempre axar( mesmo em historias k nao sao nossas e k sao vivencias diferentes das k conhecemos)bocadinhos de nós. e sabe bem encontrarmos uma sensacao de reconhecimento, um misto de compreensao e de conforto ao lermos algo.enfim, gosto de ler o k escreve.loool.
ah, fico contente k andes mais assidua as aulas lool.bjs***
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