(vazio.)
É assim.
Sou tudo para ti.
És uma parte do mundo para mim.
E assim o foi desde todos os tempos,
desde o início de todos nós.
A minha voz, sozinha, acordava-te a noite
Cansava-se os músculos
Sugava-te a juventude morena.
Foi assim que nasceram os cabelos brancos!
E nos entretantos da minha vontade
As rugas nos solavancos da tua face.
Agora precisava mais de que um abraço
Mais do que a tua presença
E da tolarente bonança do teu sorriso.
Precisava de mais: só tu já não chegas.
Quais são as tuas respostas?
(vazio)
O teu amor é eterno e infinito
O teu abraço quente e confortável
A tua voz terna, olhar amável
Mas a comprensão?
(vazio)
E o rio que se impõe entre nós cresce
Com cada palavra que pensas, e não dizes
Só palavras trocadas, simples: honestas
Podem fazer-nos felizes.
A rima é pobre, como o teu entendimento.
És no entanto, inteligente
Mas de um contentamento
Apenas com os sorrisos falsos que esboço
Para teres uma tarde de sol.
Talvez os teus problemas sejam de mais no rol dos teus
Talvez procure noutro os tais adverbios que procuro.
Mas nunca será o mesmo.
Porque eu sou parte de ti
E não ao contrário.
Tu, sozinha, devias entender.
Mas estico o braço e choro e rogo
Num abraço tu sorris
Fechas a porta e esperas que passe.
(vazio)
Eu sei que nunca foste assim
ou esqueceste
nunca tiveste duvidas a mais
ou desgostos a mais
ou uma necessidade brutal de filosofia
Para ti: dia a dia se vivia
Como o dia-a-dia. Até morrer
Será que custava-te muito compreender?
(Eu não compreendo. Vazio.)
Custava muito abrir a porta e ouvir?
(Eu não escuto. Vazio.)
Não podias olhar para mim, e explicar?
(Não há explicação. Vazio.)
E saber não é o mesmo que compreender.
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