"Como podes recusar o meu abraço estático (e frio)? E calar as próprias palavras mudas que esboço a limão nas cartas que não envio? Quem pensas que és para ignorar tudo o que te quero dizer e que o meu teclado desconhece? Ou como viver contigo mesmo sabendo que o que acontece entre nós não é uma décima daquilo que o meu ser consente? Ou o que não acontece... Porque nada rompe esta ausencia de toque, estas palavras tipificadas, dactilografadas, mortas e vazias de sentido mas a transbordar de um sentimento invisivel... Como é que nos reduzimos a isto, sabes? Como é que todas as estrelas do céu caem por terra e se tornam apenas um grão de areia no sapato?
Porque é que não percebes o que luto tanto para não te dizer?
Porquê esta certeza que se soubesses não ia adiantar nada...
És um estranho. É verdade, és um estranho para mim... E é estranho como o meu corpo e a quarta parte do meu coração continua a pertencer-te a ti!
Não é verdade. Não sou assim. Não digas isso. Por favor, não penses isso... pergunta-me... não permitas esta cor de silêncio branco nas nossas conversas. Não sabes que quando te vi, quis abraçar-te, mas tive medo que não entendesses? Não entendes que ao teu lado te quis tocar, mas soube que não me era permitido? Porque tu não me permitiste ou porque eu não permiti?
Escrevi-te tantos poemas que nem sei se todos os que escrevieram só para ti, disfarçadamente. E escrev-te cartas de amor, cartas de desespero, cartas de paixão, cartas de saudade... agora, já não há nada. Só memórias silenciadas e medo pelo presene, e pelo futuro que se anteve sorridente mas, mais uma vez, sem ti."
Balançou os cabelos avermelhados e sorriu com os olhos fechados por lágrimas doces ao toque. Foge!
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