sexta-feira, maio 19

Txerto

Sabes, houve alguém que me disse que adormecia com a longitude das minhas palavras. Disse-me que eram pesadas, triste e extra-caracterizadas. Era um intelectual de futuro renome.

E o que é que ele quis dizer com isso?

Sabes, houve alguém que me disse que as minhas fotos eram pouco artísticas. As ideias era falidas, pouco cativantes: as fotografias pouco profissionais. Este ou aquele é que têm uma capacidade artística fora do normal... lindo.

E o que é que ele quis dizer com isso?

Olha, disseram-me que os meus desenhos eram brancos e as minhas capacidades interpretativas iam no 0,1. Que os meus dotes musicais sao uma musica corriqueira na viola e as pombinhas da catrina na flauta.

E sabes o que é que me quiseram dizer com isso?

Algo que verdadeiramente não me interessa. Porque depois da pontada original de orgulho ferido, dei por mim a pensar como seria se não fizesse todas estas coisas (mesmo que mal, ou mais-ou-menos mal). É esta mão cheia de listas que me fazem a mim. Sou eu, em cada dedo da minha própria e personalidade. E não interessa se não satisfaz os outros mas porque me completa, une com um beijo de prata o que é de mim cá fora com o que se afunda no centro da testa. Poderei tentar melhorar, especializar-me, mas para me agradar em mim.

- Então e porquê que escreves num mundo alternativo onde toda a gente vê?
- Porquê que apresentas peças onde o único obstáculo é um bilhete?
- Porquê que colas os desenhos nos cadernos?
- Porquê que mostras as fotografias?
- Porque assim ficas a conhecer o que é mais puro em mim.

Pronto, é verdade que tu és um génio. Sabes desenhar quase na perfeição, mas com modéstia. E as tuas fotografias por pouco não estão expostas numa galeria de osso e carne. Leste os clássicos com todo o tempo do mundo, os modernos, os actuais, os jornais, as notícias e os livros da escola. Sabes os nomes, os números das páginas e os títulos dos capítulos. Tiveste 19, 18 de média vá lá. Esforçaste-te. És atlético. Parabéns! Eu não sou. Mas... sou eu, e não é algo que possa mudar: não posso passar a ser outra pessoa por capricho.

Eu sei que há outras pessoas que não são perfeitas como tu, e imperfeitas de uma maneira diferente. Não faz mal que deixes escapes não tão regulares. E eu gosto mais quando são únicos, de uma maneira... menos perfecta!

1 comentário:

SuntoryTime disse...

Para se atingir a perfeição tem de se andar muito... E nunca se chega a ela, seja como for. Quem diz que já chegou é porque ficou preso a meio caminho.

Deixa lá isso, continua a tua arte, até porque a melhor razão para o fazer é a que deste: porque faz parte de ti. Não é para se agradar a alguém.