quinta-feira, junho 29

O tempo que não contei

O tempo não me deu tempo nenhum para conhecer os defeitos dele.

Então permaneci meio-adormecida numa ilusão salivada num beijo, ou dois, ou três.

E com o passar dos meses, e dos anos... de vez em quando... sofria por ele, por aquele amor (não sério, mas brincalhão) que me mordiscava o lábio... nem sabia porquê; e lamentava as promessas, as que fiz a ele e a mim mesma, porque de alguma forma me estupidificaram e fizeram uma parte de mim esperar por ele eternamente..! Mas na verdade

Não lamentava as promessas. Nem sequer a efemeridade do nosso amor. Ou os beijos, e as mãos, e os momentos a espreitá-lo por trás dos fios de relva. Na verdade... até adorava os momentos nostálgicos e aquela esperança idiota que me pintava o coração à noite e evaporava de dia. Na verdade, em contraste com tudo e todos aqueles que se afundam em amores verdadeiros, amores sérios, cujas dores se cruzam nas veias do coração, eu até gosto do meu: que fica assim escondido e silencioso. E não sei sequer se existe. Mas às vezes, de tempos a tempos, o tempo lembra-me das suas qualidades.

Talvez quisesse um momento ou outro de volta... talvez não.

Ambos deixamos silêncio a mais e conversas opacas.
Tudo porque o tempo lhe disse que eu tenho defeitos a mais.

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