Papelinho Cor-de-Laranja
Rasgava freneticamente as cartas, já com anos de guardadas, é verdade, o tempo saltita levemente sem darmos por ele.
Num violento rasgar de carta, cai sobre a cama um papelinho cor-de-laranja, já danificado pela circunstância.
Nunca antes lhe fora dada importância alguma, mas agora, precisa e curiosamente agora, sim, fazia sentido.
Um pequeno acaso que poderia mudar o que não seria mudado, uma indicação, uma oportunidade.
Toda uma vida transformada, moldada por aquele pedaço de papel de cor mais artificial e incomoda, por um acaso uma coincidência.
Quantos mais pedacinhos cor-de-laranja surgiriam, vindos do nada, sem serem esperados?
Os que estavam destinados. Que esperavam, num pormenor ou detalhe pelo seu momento de glória.
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