quinta-feira, dezembro 16

Indiferença

“A indiferença é um mal crónico, progressivo, fisicamente indetectável. Não nos leva ao cemitério, mas traduz um embotamento quase irreversível dos afectos, vegetamos de boa saúde. Habituei-me. Não faço gala dos meus achaques, sem dúvida existem casos mais graves que o meu; nem sequer bato no peito e espalho a culpa aos quatro ventos, o processo foi suave, insidioso, não há réus quando cai o nevoeiro. Convivemos, sem prazer ou conflito, dir-se-ia um reumatismo da alma.”

Júlio Machado Vaz in “Domingos, Sábados e Outros Dias”

Sem comentários: