A Noiva Cadáver - a lenda russa original
Era uma vez um jovem russo que se ia casar com uma rapariga de uma aldeia próxima. Assim, algum tempo antes da cerimónia, ele e um amigo partiram para a aldeia da noita, a cerca de dois dias de distancia.
Na primeira noite decidiram acampar perto de um rio. Aí o jovem noivo viu um engraçado ramo que parecia o osso de um dedo, e começou a gozar com ele, canarolando e rindo-se. O amigo ria incessantemente e achou muita piada, e o jovem noivo lembrou-se de colocar a aliança de ouro (que estava no seu bolso) no ramo, começando a dançar a dança do casamento à volta do ramo. Na brincadeira, pronunciou os votos matrimoniais, dançando três vezes à volta do ramo.
Mas ambos pararam de rir e achar graça quando a terra começou a tremer e no lugar onde estava o dedo emergiu um cadáver de mulher vestida com um velho vestido de noiva de seda branca. Os ossos mal se seguravam por alguns pedaços de pele, e nela deslizavam aranhas e larvas.
"Tu dançaste a dança do casamento, pronunciaste os votos e colocaste a aliança no meu dedo. Agora somos marido e mulher. Exijo-te os meus direitos como tua esposa"
Assustados, os amigos fugiram correndo para a aldeia da rapariga que os esperava para o casamento. Ao chegarem lá, foram falar com o rabino e contaram-lhe a história. O rabino pediu algum tempo para pensar, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa surgiu a noiva, novamente exigindo os seus direitos, e dizendo que queria ter a sua noite de núpcias.
Confuso e sem saber o que fazer o rabino convocou uma reunião com outros rabinos para decidirem se o casamento era válido ou não. Entretanto a rapariga noiva já sabia do que tinha contecido, e chorava porque todos os seus sonhos estavam desfeitos, e dizia em gritos que nunca mais ia ser feliz. A noiva cadáver e jovem aguardavam a decisão dos rabinos. Depois de longas horas, o rabino apareceu e disse que o casamento era válido, mas que os mortos jamais poderiam estar com os vivos.
A noiva cadáver caiu no chão em choro dizendo que nunca ia ver o seu sonho de estar casada realizado, e que nunca ia sentir a alegria de ter um marido, ou filhos. Dizendo isto, permaneceu no chão, definitivamente morta. A noiva viva teve pena dela, pegou nos seus ossos e disse que iria viver os seus sonhos por ela, a sua vida por ela, ia ter filhos por ela, por elas as duas, e que jamais iria deixar que a sua história fosse esquecida. Dito isto levou os ossos para uma bela campa no cemitério e a noiva cadáver parecia finalmente feliz. Os jovens casaram-se numa cerimónia solene, foram muito felizes e tiveram muitos filhos, que passaram esta história de geração em geração, mantendo a promessa à noiva cadáver.
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