segunda-feira, maio 8

Um pedaço de ti em mim

Era pequena
Do tamanho de uma pequena força
E da cor da terra
Com braços tacanhos.

Negros seus olhos castanhos
Eram baços como bagas
E nos pulsos jaziam chagas
Auges de ódios na lama.

Nas suas formas roliças
Deitavam-se as preguiças
De tantos olhos que a viam passar...

E ela sorria serena
Como uma praia amena
depois da tormenta acabar.

Mas a lógica enganou-se
O tempo, não trouxe paz a essa pequena negra fada.
Tinham-na condenado deste à tanto tempo
Quando ainda não tinha culpa...
Agora, as razões não valiam nada.

Um coágulo de ódio no seu sangue
Fê-la esquecer as opurtunidades
E entregar-se à vida que lhe haviam prometido
Antes sequer de ter nascido.

Era pequena.
Do tamanho de uma grande vontade
E da cor do engano
Com gritos de morte.

A sorte nunca a ajudou em nada
E sentiu-se manipulada pela corrente
Também ela usou.
Numa vingança-doçura.

Os seus olhos eram amargos como a neve.
E o seu coração um labirinto arriscado,
Sofria e punha de lado
O sofrimento que causava.

Vi-a e chorei por dentro
Porque este sentimento
é de uma angustia impotente.
Não posso mudar o seu caminho,
Que se vende nas ruas do vicio.

Mas dentro de mim, haverá sempre
Um cantinho quente
Para essa pequena e negra fada.

Como podemos julgar as escolhas de aqueles que pensavam não ter nenhuma?





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