Eu não queria ofendê-lo. Só queria que sorrisse em vez de mostrar, naquela tonalidade baça do seu verde olhar, uma tristeza/raiva para com a vida.
Só queria uma tarde feliz.
Mas não.
Porque eu não tinha razão.
O que ele disse foi que fugi.
E o enganei a vir comigo.
Porque eu estava enganada.
Tinha estragado tudo! Era um absurdo, meter-me nos seus assuntos! E mais! Não o conheço! Acho que ele é um parvo? Um idiota? Agora o que pensa o outro? Acha que é melhor? Ele não é melhor! E ele a fazer figura de estúpido!
Na verdade, eu é que não tinha pensado nada.
Só queria uma felicidade estagnada,
independente de todos os problemas que temos.
Porque eu desconhecia a verdade.
E pouco a pouco a tarde deu lugar à noite. Eu não o conhecia. E na melancolia dos passos rotineiros da cidade esmurrei o ar, e a vida, e a mim, por ser tudo assim.
Telefonaste à pouco. Disseste que tinha razão, fiz o que era certo.
Mas não me sinto melhor.
Queria poder voltar atrás no teu tempo e remendar esses buracos negros que a vida fez questão de matar em ti. Preocupo-me contigo - talvez porque és mais parecido comigo do que imaginas, ou simplesmente porque gosto de ti. Não gosto de te ver com essa tristeza pálida contrastante com a mesma raiva penosa que te corrói todo e qualquer pensamento.
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