sábado, outubro 7

Sempre para sempre

Há sempre um amor bem doseado na nossa vida. Como uma droga pesada, que nos pesa na consciência e nos faz pender a cabeça a uma vista triangular. Um amor a horas certas, de hora a hora, com três ou quatro palavras previamente estudadas, e repetidas entre os dias da semana. Aquele amor que nos abraça e nos beija na testa, que faz uma festa nos aniversários da semana e nos oferece rosas em cada mês. O que vai almoçar sempre ao mesmo restaurante, que escolhe a cor do diamante que vai oferecer dali a três anos, a casa, e o nome dos filhos. E esse amor é doce, e protege-nos daquelas dores que não se esgotam, tapa a goteira dos nossos olhos e mostra-nos, pacientemente, a melhor maneira de ser e a saída dos problemas. E é tão bom, este amor leite-creme. É doce. E uma vida inteira se pode viver acamada nele.

E há aquele amor a que muitos reduzem a paixão. Não nos protege, nem nos embala; Cala-nos o ego, faz-nos tremer as pernas e eriçar os cabelos ao primeiro contacto circular. Os olhares cruzam-se mas o pensamento muitas vezes vai em direcções opostas. Vêm as propostas, os encontros roubados, os beijos roubados; uma sedução súbtil e bruta, uma ou outra luta de punhos fechados. As cores parecem diferentes, e à noite os tentáculos do pensamento apegam-se ao corpo e aos sonhos. É um amor que nos faz traçar ora olhares tristonhos ora sorrisos rasgados. Pode andar de mão dada como os namorados, mas fere-nos a pele e os dedos; seca-nos os olhos, atira-nos de precipícios milhares de vezes por um ou dois segundos de extâse. Deixa-nos de rastos. Cansa-nos o coração e o cérebro, mas quando a luz da lua se reflecte de certa forma, lembramo-nos daqueles instantes agri-doce que nos despertavam os sentidos e a curiosidade.

Muitos confundem o amor mais doce com a rotina leve que se impoem quand a vida passa.
É natural.

E eu penso para mim, se dois segundos de vermelho não serão melhor que uma vida inteira a creme. É melhor lembrar para sempre alguns instantes intensos, ou viver para sempre a calmaria?

Sei lá.

1 comentário:

Alexx M. disse...

"Sei lá." Axo k isto resume tudo =P

Axo k se torna mto dificil xcolher um desses amores, ou saber qual dos dois nos faz melhor... Torna.s impossível decidir se keremos provar o paraíso com o inferno escondido nele ou se keremos navegar sempre em calmas águas tão ternas mas tão previsíveis....

E não tem a ver com a idade ou com a personalidade de cada um, tem a ver com o momento e com o amor que nos apanha desprevenidos... Axo k talvez valha mais deixar.nos levar pela corrente, seja ela calma ou feroz... O lugar onde terminaremos pode revelar tts surpresas positivas k sñ formos, nunca saberemos.

Bjinhus****

PS - Gosto de vermelho, mas pd tornar.s uma cor cansativa... O creme serve para amenizar um coração cansado.