segunda-feira, novembro 6

Momentos

Foram as estrelas invisíveis da manhã que se dissolveram contra as paredes da tua casa; que chocaram contra o vidro húmido e, reticentes, escorregaram em suor até aos nossos corpos. E deslizaram depois por entre os poros de algodão, pingando no chão salgado como estrelas cadentes? Não.. As nossas estrelas invisíveis da manhã são daquelas que ninguém conhece mas toda a gente sabe que existem. São estrelas ascendentes. E assim, quando a luz é mais clara e até as nuvens não acordaram ainda, as nossas estrelas sobem ao céu e rebentam em mil pedaços de felicidade. E eu pensava que voltavam a nós, naquela forma doce da repetição: do deja-vu. Mas não. Elas permanecem penduradas bem acima da minha cabeça, num alvo utópico. Já tentei chegar-lhe com os meus dedos pálidos. Mas as nossas estrelas quentes são mapas de momentos que ficam para sempre lá em cima, para que possam durar para sempre. São os momentos em que fecho os olhos, olho para cima, e me lembro de ti. Não me lembro de nada mais doce que pudesse encaixar depois da palavra nossos, como nossos momentos.

Pensei que cabiam num frasco de areia.
Mas os breves reflexos da sua luz só se apegaram ao sinal do meu lábio.
Sempre os queres de volta?

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