terça-feira, dezembro 19

Eles existem, mas têm a obrigação de ser fantasmas

Eles conheceram-se.
E curtiram.
E falaram.
E namoraram.
E disseram: amo-te.
E disseram: amo-te muito.
E beijaram-se.
E choraram.
E riram.
E discutiram.
E fizeram as pazes.
E fizeram sexo.
E amaram-se.
E separaram-se.
E juntaram-se.
E fizeram amor.
E fizeram muito amor.
E decoraram o apartamento.
E juntaram dinheiro.
E mudaram-se para uma casa maior.
E decoraram a casa.
E compraram o gato.
E educaram o gato.
E compraram o cão.
E educaram o cão.
Trabalharam.
Compraram mais coisas.
Beijaram-se mais.
Habituaram-se a todas as pequenas coisas um do outro.
E depois quiseram casar-se.
E depois já usavam os nomes de casado.
E tinham a escritura.
Os empregos.
A felicidade.
A estabilidade.
O amor de duas décadas deles.

Mas como são dois homens,
é por aqui que ficamos.

Porque nem todos os seres humanos têm direitos iguais.
Nem mesmo os teus irmãos, nem mesmo os teus filhos, nem mesmo os teus vizinhos.
Não têm o direito a serem quem nasceram sem magoar ninguem.

Não te iludas. Se eles não têm, tu também não os mereces. És só um ser humano mimado.

2 comentários:

SuntoryTime disse...

*palmas*

Anónimo disse...

"Não têm o direito a serem quem nasceram sem magoar ninguém."

Gostei. Muito. Mesmo.

;)