Porta Fechada
Deixei a porta fechar-se - outra vez. Esta bateu sem estrondo, no silêncio, mas fechou-se como todas as outras. Perdi aquele caminho de vez. Perdi a chave da amizade que a mantinha aberta. E no fundo... foi só mais uma porta fechada, no corredor da vida. O dia continua a nascer, a morrer, e as opurtonidades que tenho para destrancar os portões de ferro mas pesados, de nada importam, nada mais importa, se não o próprio dia-a-dia da vida.Espreito pela fechadura e vejo o que perdi... o que deixei para além da madeira nova. Sorrisos e lágrimas, abraços de oiro e dores preto-carvão. Vi uma solidão mal-remediada... e percebi que me enganei tanto tempo, pois na verdade, aquilo que já sabia era certo: eu não podia conta com aquela chave durante muito tempo, era o meu tormento que a alimentava na minha mão... Quando o sol brilhou, a chave tornou-se parte dele, da sua rotina, e tornou-se ar, e lua, e terra, e lembrança. Podia perguntar ao sol onde escondeu tantas chaves que já passaram... mas não me interesso mais pela ausência delas, viro-me para a frente e caminho no corredor, batendo a todas as portas.A ti, que moravas atrás da porta que esqueci, só posso dizer que lamento. Não me odeies, porque a culpa não é só minha. E foste tu quem afirmaste que não podia contar contigo, nem tu comigo, por isso devo-te talvez agradecer por me abrire os olhos...? Ainda há algo que me prende a ti... alguma corrente de ar que escapa pelafrecha da tua porta. Mas a ti não parece interessar que me aproxime, e eu caminho em frente, passo a passo.Se alguma vez te interessar que volte à tua moradia... grita por mim... chama o meu nome... pode ser que vire a minha cabeça para ti e sustenha o olhar na tua porta... se não quiseres, não o faças. Mas não esperes até eu estar longe de mais parra não te poder ouvir.
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