Ajudas-me?
Como enfrentar a realidade quando ela é nada? Só uma sussessão de desilusões que se repetem, indistintas na névoa da noite? Como fingir que a vida tem sentido, quando nos perdemos no seu caminho e nos embrenhamos por uma floresta mais escura, onde o silêncio nos engole as próprias almas, e nos arrebata os corpos, dos quais apenas restam despojos de uma batalha de sempre parcial?
Como hesitar perante a morte?
Se a cada passo ela nos parece tão próxima, tão óbvia, que parece quase imbecil não a abraçarmos e corrermos em sua direcção, já que não lhe podemos virar as costas? Caminhamos então, receosos, lentamente, para as suas mãos assassinas?
Como não chorar por cada sonho que tive? Por cada amor que não revelei? Pelo que sinto pelo mundo e apenas transparece ao de leve nas folhas de um papel qualquer? Terei de suportar esta ansia pesada nas minhas costas por quanto mais tempo? Sozinha? Carrego o peso do mundo... o meu mundo. E como gostaria de ter alguém que o partilhasse comigo. Não só ouvisse as minhas lamentações tolas e fúteis sobre o vento, mas que as discutisse, que bradasse, que implorasse: que vivesse! Preciso que alguém viva comigo, que partilhe o seu mundo também para que o meu se engrandeça e inche de felicidade... Necessito! é Urgente! Preciso de saber... de ver! Preciso de amar o mundo...! O meu amor não é concentrado objectivamente, flui pelas minhas veias e corre nos oceanos... é livre! Não é prisioneiro de ti ou de ninguém... ou de nada... Mas como? Como ser o que sou? O que me fez ser quem sou? Como Não ser o que sou todos os dias, que não sou eu...? Haverá maneira? Ou não... preciso de viver... de correr para a frente ou para trás conforme a maré, as ondas mas não... preciso de tocar a tua vida, mesmo quando não passaste de um sonho... Não me abandones... mesmo que seja rude, e má, e crónicamente tímida... Não me abandones porque preciso tanto de ti... do teu mundo... preciso tão desesperadamente! Quem és tu, que está disponível de compromissos inadiáveis para me ajudar? Á minha volta já só há rotina e nada... ajudas-me?
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