(a parte)
Pessoalmente, eu não acredito em anjos da guarda. Por várias razões: duvido dos anjos, dos seus caracóis loiros e faces angelicais e pacificamente perfeitas, dos seus olhos azuis-gelo e das faces de mármore rosado. (Porque não haveriam anjos pretos, amarelos, vermelhos, com cabelos de todas as cores e sardas na pele?) Duvido das suas suas asas de plumas brancas sacudidas ao vento ao nascer do sol, do seu perfume adocicado mas suspreendentemente muitíssimo agradável. (Porque não teriam asas castanhas, decoradas e frágeis como as das borboletas, transparentes como as das ninfas?). Se acreditasse em tais criaturas, ou fenómenos, ou milagres, diria que eram a força de espíritos bons (se acreditasse em espíritos). Espíritos não como fantasmas (também não acredito em fantasmas), negros com os seus movimentos bruscos, mas espíritos luminosos, que iluminassem não o nosso corpo mas a nossa alma (o que, provavelmente, se refletiria no brilho dos nossos olhos). Seriam pedaços de todo o bem que ainda luta por sobreviver dentro de todos os homens. Estes pedaços, juntos pela força do bem maior que se impõe em todas as coisas (sem dar espaço a dúvidas) teriam como missão defender não as pessoas em si mas o que há de bom nelas, iluminando-as para as suas escolhas boas, não boas devido a um fim bom, mas digamos... à acção em si. (confusão... confusão). Acredito que ó por acção destes anjos da guarda seriamos felizes (se acreditasse na felicidade).
Mas a verdade é que não acredito em anjos, nem em espirítos, nem em fantasmas, nem nos homens e muito menos nas suas acções ou na felicidade (no entanto, todos existem).
(Quando te conheci, achei-te uma pessoa interessante. Queria conhecer-te mais, e mais, e até hoje parece-me que não te conheço o suficiente. És, como já te disse, a melhor pessoa que conheço. És quase-perfeito. Já sei que não conheço pessoas suficientes para dizer que és a melhor pessoa do mundo, no entanto também tenho a certeza absoluta que és a melhor pessoa que todas as pessoas que eu conheço conhecem; e a melhor pessoa que todas as pessoas poderiam conhecer. Bom, obviamente que não acertas em tudo, não és o super-homem, não estás sempre feliz e bem humurado, e não tens sempre razão - felizmente. Mas o que quero dizer-te é que és a pessoa que conheço que tem a maior percentagem de bem em si. Talvez nem sequer tenha estado nas tuas mãos nasceres uma pessoa tão linda, mas ao certo esteve a forma de manteres essa beleza interior tão característica em ti. Com esta tua enorme quase-perfeição interior - muito auxiliada pela tua extraordinária paciência - esta amizade foi crescendo e estabelecendo-se no meu coração. Ajudaste-me a compreender tantas coisas, a ultrapassar muitas outras, a conhecer, a evoluir. E mesmo que pareça, pela minha personalidade meio rebuscada, que não dou valor suficiente à tua opinião, fica sabendo que é a opinião que mais conta para mim, mas muito, muito mais que as outras. Se não digo que sim a tudo o que tu dizes e achas, mesmo quando sei que estás certo e que seria o melhor - a maior parte das vezes - sou teimosa e ignorante ao ponto de queres fazer as coisas erradas, para ser eu a fazê-las. Sim, sem me dar conta tornei-me uma pessoa orgulhosa, e um pouco orgulhosa por ser orgulhosa te digo que me sinto feliz por conseguir ter atitudes originalmente minhas, e sei que mesmo que te magoe por vezes sei que estás sempre lá para me apoiar, para ouvir as minhas lamuriações incessáveis e monocórdicas. Agradeço-te. Mas mais do que um agradecimento, ou amizade, sinto por ti uma coisa tão boa - reflexo da tua pessoa - que o único nome que me ocorre é adoração. Adoro-te não como um ídolo, mas também, não como um irmão, mas também, não como um amigo, mas também, não como um amor, mas também, não como a vida, mas também. É uma adoração pacífica, duradoira, suave como as plumas, com um perfume agradável a felicidade, sem ser enjoativo. E foi assim que me apercebi.) És um anjo. Um anjo da guarda. És o conjunto de tudo o que pode haver de bom em mim e em toda a gente, com um pequeno toque de ajuda divina. Não és só o meu amigo, o meu irmão, o meu psicólogo, a minha consciencia. És o meu anjo da guarda. Não tens cabelos loiros, mas ao certo reflectem como oiro a luz do sol. Não tens olhos azuis-gelo, porque os teus são quentes, calorosos, companheiros. Não tens pele mármore porque tens o toque da seda, do veludo e das plumas no teu abraço, na tua carícia. Tenho medo que um dia destes, cansado da minha imperfeição, orgulho e parvoíce, levantes voo e desapareças. Que sejas um anjo-cometa, daqueles que passam para dar uma mensagem mas só aparecem uma vez na história. Tenho ciúmes porque não sou a tua anja-da-guarda e de certeza que precisas de um. Espero ajudar-t na tua vida, nem que seja de vez em quando, para que um dia não partas. Não quero que vás, quero-te guardado sempre comigo, quero-te só para mim. Mas afinal, apesar de já fazeres parte de mim, não te posso prender.
E tudo isto para te desejar um feliz natal. Não pelo que o feriado representa para a maior parte das pessoas (porque cada vez menos no seu sentido religioso ou comercial, apesar de observar a sua importância) mas pelo que há de representar para nós. Um dia, como deviam ser todos, onde te posso mostrar a importância que tens para mim, onde te ofereço algo que sei que vais gostar, e usar, e que te vais lembrar de mim por isso. Algo que te faça sorrir. Algo para celebrar a nossa amizade e tudo o que há de bom nela e em ti. Desejo que este natal seja uma noite de felicidade, de paz, de alegria, de sorrisos. Feliz natal, porque tornas a minha vida mais feliz. És uma pessoa a parte do resto do mundo. Por isso, também o meu carinho por ti é a parte.

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