Os estalidos de beijos húmidos
Sentada na rocha aquecida pelo sol da tarde, admirava a água condenada a escorrer eternamente pela cascata... estava selado, eternamente. Ou via os estalidos frecos da torrente, envolvendo os cascalhos multicores. Era incrivelmente feliz, ali; e no entanto os seus olhos ardiam num desespero infortuno. Pressentia-o atrás dela, o olhar disperso e atento à sua figura. Ali, a um metro de distância, sentia a sua respiração ofegante.
Não conseguia desviar o olhar, era obrigado a fitá-la, como um louco, seguindo todos os sus movimentos, o tremor da sua pele, o esvoaçar leve dos cabelos que se desfaziam da trança comprida. Antecipava já a frescura suave da sua pele,aquela que a blusa rendada descobria nos ombros: arrepiada e doce... como os seus beijos húmidos. Quando a via, era como se abandonasse todo o seu ser e se tornasse o próprio ar, a essencia melodiosa da natureza: e existisse apenas para, eternamente, admirá-la. Ali, a um metro de distância, o que mais queria era aproximar-se... mas o medo de perturbar aquela paz carvada a ferro, era quase maior que a sua necessidade absurda.
A sua mão poisou na pele do seu pescoço. Os seus lábios percorreram adorávelmente os seus ombros, venerando-a em leitos de amor. Beijaram-se como se fosse a última vez, sendo a primeira. Proferiram juras de amor com olhares ardentes, e os seus corpos dançaram dramáticamente. Ele sentiu as lágrimas quentes nos seus lábios, e o bater do seu coração estremecendo o mundo. Censurem as estrelas! O ceu! A lua! O sol árduo da manhã... que se calem e, silenciosos apenas presenciem... o que temos.
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