quarta-feira, outubro 25

Desperdícios

Desperdiças as aulas a que vais, sem atenção;
E desperdiças o coração nervoso dos teus pais.
Desperdiças as aulas a que faltas, os sorrisos que exageras;
Os avisos dos amigos, as quimeras da noite
E a sorte, que algum deus te deu.

Desperdiças a vida a passos longos e curtos
Passos de corrida, e momentos brutos
Com homens e miúdos que não valem a pena.
Desperdiças as penas, as canetas e os teclados,
Os cadernos rasgados e os livros secantes.
Desperdiças estantes de molduras.

Desperdiças as tonturas do teu sangue fraco,
E a maquilhagem no tacto da máquina.
Desperdiças a penugem das pernas,
as preguiças da manhã,
os filmes do cinema. E o dinheiro da mamã.

Desperdiças as bandas-sonoras da tua vida,
E as lágrimas da melhor-amiga
Que afinal, não conhecias.

Desperdiças os dias
E as noites.
E aqueles tempinhos no meio, em que tudo te parece feio
E no entanto o mai belo do mundo.


E por vezes, parece complicado demais. Porque o desperdício é relativo.
E a soma dos momentos até enche o balde.

1 comentário:

D@s Pl3ktrüm-/v\ädch3n disse...

Desperdiçamos tudo, é verdade. Ou pode não ser... Que mais temos p'ra fazer? Que certezas temos de que exista algo mais para além disto? E se nada valesse realmente a pena, nada existiria para desperdiçar... Também desperdiçamos tempo a pensar que o desperdiçamos em vez de o desperdiçarmos sem pensar nisso e assim não desperdiçarmos nada... Ou talvez tudo. Alguém faz ideia? Não andamos todos simplesmente a caminhar no meio da escuridão, com certezas tão consistentes como bengalas de papel? Anima-te... sei que não desperdicei nenhum dos momentos que passei contigo ;) nem que fosse a rir com vontade de chorar! ***