segunda-feira, dezembro 18

de Vidro

Se fingires que sentes saudades, eu fingirei também...
Prometo! E já colecto nos lábios os beijos - que quase te darei
nas palavas falsamente sábias de amor.
Se fingires que te contorces de dor e ciúme,
Eu prometo deixar que o mundo se esfume atrás
da tua silhueta atarracada; E nem direi como é quadrada
(a tua mentalidade) direi antes... abençoada.

Sim, se fingires, nem que por um momento só
Que me vais demover a carência,
Sorrir da minha inocência,
Acariciar a palma da mão, e afagar-me o cabelo...!
Porque não dizê-lo?
O meu coração será teu. Ou quase.

Mas quem é que se importa com uma décima ou duas de ódio, se me adoras?
Nem sorris, nem choras. Mas finges bem.
E pelos vistos, já somos dois.
E depois da mentira o que fica?
Ou o sexo, essa relíquia das massas...
Ou as traças das prendas,
Ou as taças de alcóol...
Ou o ressentimento...

Fingindo debaixo do teu calor paternal,
Só sonho dormir ao relento.
E a chuva cai.
Mas tu até finges que não a ouves partir o teto.

1 comentário:

Anónimo disse...

Todos fingimos de vez em quando... e há quem finja toda a vida, àqueles que mais ama (ou finge amar)... Nem sempre é fácil não fingir...