Imaginei uma sala escura...
Nesse dia, decidi-me.
Arranjei-me de forma simples, discreta, saí.
Percorria o caminho, um robot de passos automatizados e destino traçado.Só a mente divagava na ansiedade do que encontraria, que te dizer? Que me dirias?Imaginei uma sala escura como as que vejo nos filmes, repleta de homens fardados, uns poucos de azulão, os restantes vestidos de uma qualquer cor pardacenta, de olhar vazio ou vivo malicioso.Imaginação inocente de quem nunca visitou uma prisão, palavra forte, que ilustra verdadeiramente o seu interior, agora sei.
Estava só, a cada passo mais próxima, mais distante.
Reconheci, junto à porta o teu irmão, olhou-me, aproximei-me e estendi a face na qual depositou um beijo tímido.- Vim pela mesma razão que tu - disse-lhe.
Nada respondeu, mas acenou a cabeça afirmativamente.
Olhei em redor, vi também a tua mãe e namorada, cumprimentei ambas.
Entramos todos, e eu, detive-me enquanto apreciava o ar enfadado do guarda da segunda porta que, resmungava em excessivo volume a cada apitadela nervosa do detector de metais. Em contraste, o ar desolado das mães e mulheres que despiam mais na esperança de finalmente atravessarem sem mais perturbações pelo temido e nervoso aparelhoide.
Depois dos restantes procedimentos e portas, estavas tu.Não me viste entrar, passei a mão no teu ombro para chamar a tua atenção.Sentei ao teu lado, do outro a tua mãe que muito desconhecia mas que, passados uns instantes acariciava já o meu braço e acalentava as esperanças para o teu futuro.
Analisei a sala apinhada, estúpida! Estava cheia, cada preso com a sua roupa pessoal, distribuídos pelas numerosas mesas e conversando com família e amigos. Só as janelas gradeadas eram iguais às da minha fértil imaginação.
- Vai correr tudo bem, não se preocupe - sussurrei para a tua mãe.
Nessa noite, deitei-me com mais duvidas que certezas.
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