domingo, outubro 1

Entre nós havia um trampolim de perfumes suspensos, e uma luz pálida de inverno aquecia a superfície da pele de uma forma extraordinária; (ou seria, quem sabe, o extâse da proximidade, a sensibilidade da respiração ondulante entre os corpos que tornava o ar tão aveludado e quente, até avermelhar os ombros e as maçãs do rosto)

Devagar, essa excitação púrpura pintava o silêncio sonolento a caminho do metro. E as palavras que escapuliam, breves e claras, pelas grades de conveniências e etiquetas, mal se ouviam e morriam sem eco.

Amboa o sentiam. Estava no ar, e à sua volta, e brilhava nos seus olhos: aquela mesma sensação de sintonia, de conhecimento... E a tarde passou assim, monótona entre dois ou três sorrisos envergonhados e frases com triplo sentido.

Mas, só por uma vez, esqueçam as descrições detalhadas, as declarações, testamentos, adjectivos e borboletas.

É tudo tão complicado... porque tinhamos de ser também?

1 comentário:

D@s Pl3ktrüm-/v\ädch3n disse...

Também não percebo porquê...mas fogo, somos mesmo!