segunda-feira, fevereiro 12

Deslize

O menino-de-vidro não é como os outros
Porque lhe desenharam um coração no canto do olho
Para ser diferente.
E então ele chora um bocadinho mais que a gente,
Não por mal, mas porque o coração lhe tapou o caminho entre os olhos
E o entendimento.

O menino-de-vidro não tem buraquinho por onde escoar a água
E até o sal fica dentro dele.
E queima, se queima, a pele do lado de dentro.
E o peso da água salgada
Força a estrutura de metal dobrada,
E ele cai só mais um bocadinho.

Pela sua compostura transparente mas impermeável,
O menino-de-vidro assusta as pessoas que passam na rua.
Ele não é afável, é frio,
Mas por dentro é um rio de amor quente.

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