sexta-feira, dezembro 29

Moço-anjo

Não sei como dizer "voou" da maneira que ele voa.
É tão diferente dos outros, não voa; não cai, nem sequer desliza,
É como se paralizasse o ar e depois dançasse a andar o tempo todo.

Foi assim a primeira vez que o vi: eu estava a costurar à janela, a pintar as silhuetas das águas furtadas... (A espreitar, vá, as namoradas aos beijos de luz acesa)
Quando vi - a luz de um relâmpago cegar-me, docemente, os olhos:
E quando o vento levantou os folhos da minha saia, senti a sua mão quente na minha cintura...
E os seus lábios, a sua ternura no meu pescoço...

Não era um moço-anjo qualquer. Eram as asas da minha sorte.
Um braço forte puchou-me para a gravidade.

Não lhe vi o rosto...
Não lhe vi o rosto...!

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